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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ONDE OS LEÕES DE OURO CHORAM

Ao longo da semana observamos a repercussão negativa da abordagem superficial feita pelos apresentadores e comentarista no folhetim matutino Bom Dia Brésil quanto a concessão do porte de armas das Guardas Municipais ter sido conquistada no Poder Judiciário. Assistindo a melancólica contribuição e após ter conseguido deletar um comentário postado neste blog, embaralhado-me nas contas, sem salvá-lo prostei-me frustrado encontrando fôlego para tentar observar, se o leitor permitir, além de um lugar comum, também aspectos, saliências não exploradas do contexto apresentado.

Enfim, creio poder afirmar que a criatura superou o criador. Explico, trata-se do fato do ator Wagner Moura, quem dá vida ao Capitão Nascimento na película Tropa de Elite, ter encaixado tão bem sua interpretação no papel que amealhou uma legião de fãs pelo mundo afora. Do personagem ficcional guardo a firmeza no olhar, os gestos precisos, sem excessos, a voz clara e grave, não deixando margem de dúvida do significado e propósito de sua liderança. Adotada a técnica teatral na forma precisa e concisa preencheremos com conteúdo: as leis... as doutrinas... mais leis, decisões judiciais, experiências, objetivos, metas, pretensões, princípios... quando se fizer necessário.

Enquanto aquele ser, já titubeante em outro programa da mesma emissora o Altas horas ao falar sobre drogas, expos um sorriso amarelo, forçado sobre um tema que requer até do mais leigo jornalista uma pesquisa prévia, cuidadosa, não rasteira, ciceroneia Chico Pinheiro, este deveria continuar com seu programa musical na TV paga, do que imiscuir-se em assunto sério de forma tão temerária, jocosa diria, como se estivesse em um Sarau. Não bastando a proposta jornalística de meio dia da emissora: LEVEZA, afinal é o almoço; adotá-la também logo de manhã. Assim teríamos receitas e não informações robustas, técnicas, equilibradas e democráticas, proponho emendar com o programa de Ana Maria Braga. Acredito que no papel de jornalista, ainda o prefiro como Oficial da Gloriosa a despeito de sua coragem exacerbada em ocorrências. Sinto saudades de âncoras tal qual Maria Lídia, Herodoto Barbiero, ambos da era CBN, discorriam com desenvoltura e sabedoria.

Existe uma grande diferença, não concorrência, mas metodologia de trabalho. Há uma grande obra chamada Vernônia ganhadora do prêmio Pulitzer em que aborda pessoas em situação de risco, resultou num grande filme com Meril Strep e Jack Nicholson. A partir dai Ilustro mencionando um dos programas: A proteção ao cidadão em risco. Quando já dispomos de referências, ora dos agentes diretamente protegidos nesta ação, ora das equipes mais experientes, para isto denominamos preparo, planejamento e não improvisação ou amadorismo. Saliento que o primeiro contato, quando não realizado imediatamente pelos Guardas Civis, tem grande chance de prosperar. Pois, ao contrário o GCM não vê a PSR como inimigo, não se refere depreciativamente, sabe negociar, não o chama de "vagabundo" como já presenciei travando esta abordagem em conjunto com outra corporação e destaco ainda o grande aporte de contingente nestas operações. O que fazem com 20 (vinte) conseguimos com 03 (três). Este é outro lugar comum leitor. Superestimados, não! Simplesmente pode haver a eficiência dos envolvidos, uma equipe comprometida em sintonia com seu propósito e significado (deja vu). Da outra parte excesso de preciosismo.

Temos sempre novos desafios, estar diante de uma platéia, de milhões de pessoas, ou somente a sua equipe, te expõe em demasia, dar cara a tapa não é para qualquer pessoa, ser do BOPE ou ter sua identidade ferida e depois resignar-se sem protesto não é para qualquer um. Ser um lider não é fácil, representa mais trabalho, responsabilidades assumidas, estudos. Conhecer seu mister. Somos parceiros desde que destituídos de visões maniqueístas, reacionárias, dogmas estritamente militares devem ser abandonados, pois ao se afirmar a inutilidade de alguem podemos estar afirmando a própria , pois em quantas ocasiões um militar se já não comandou, ensinou, treinou ou integrou uma Guarda Municipal, recíproca verdadeira. Quem não quiser este ônus, pede para sair, envergonhar-se, ...ou simplesmente chorar debaixo de uma viatura.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

2011: UM GAÚCHO, UM MINEIRO E UM PERNAMBUCANO EM SP CAPITAL MUNDIAL

Um chef da nouvelle cousine, ou o confeiteiro da  padaria Camões, arrumaria sua iguaria harmonizando aromas, essências, cores, texturas exóticas e imprevisíveis a fim de agradar seus clientes impecavelmente. São artistas de obras perecíveis. Partindo do sonho, não onírico, e do patê de foie gras diet, pensamos em tecer breves notas de cada protagonista de nossa recente história política, pois agora formou-se, enfim a tríade de presidentes notáveis.

Ao primeiro, GV (Getúlio), reputaria diversas conquistas trabalhistas: direitos previstos na CLT, Ministério do Trabalho, etç. Popularidade e carisma com as massas foi seu norte. Por outro não tivemos a “burra unanimidade” rodrigueana e sim muitas resistências e rejeições. Uma dicotomia presente no jargão “ame-o ou deixe-o”. Um ídolo nacionalista, emblemático. Como o slogan do petróleo “ele é nosso”. A sua era foi da democracia à ditadura.  A síntese de seu tempo. Entretanto, o “pai dos pobres” ficou embriagado pelo poder e sucumbiu com um estampido deixando a conhecida carta e o povo órfão.

JK, o desenvolvimentista, o bossa nova seguiu rumo ao Centro-Oeste.  Visionário, sonhou nossa capital federal e a executou com o auxílio de Nyemeier e Flávio Costa.  De mandato garantido, graças ao seus méritos e o apoio do Marechal Lott. Um novo mandato, porém não impediu sua cassação como parlamentar. Trouxe o capital estrangeiro, a economia de mercado, a elegância, fomentou a indústria, o consumo e a inflação.

Num ambiente propício, peço vênia ao leitor para inserir o professor matogrosense JQ (Jânio).  No governo habilmente soube surfar nas ondas contínuas dos investimentos aportados para São Paulo. Assim, ao menos em parte, explica-se a pujança e soberania econômica bandeirante. Esta hegemonia o alçou ao mais alto posto do executivo, onde durou apenas alguns meses. Renunciou deixando outra carta. Teria nova chance ao ocupar a segunda maior economia: a capital paulista. Desta vez além de cumprir todo o mandato provocou as “forças ocultas” explicando-se em Brasília, logo após conceber a Guarda Civil. Esta é referência, o embrião; precursora em nosso país do policiamento comunitário. Modelo para as demais instituições, nos moldes da polícia de Londres, notadamente preventiva inspirada na extinta Guarda Civil Estadual.
     
Lula, “o sapo barbudo”, o ignorante, analfabeto, a “anedota” ...  Passado, o nordestino surpreendeu tornando-se o presidente com o maior índice de aprovação... Sucedeu o Dr. FHC da Sorbonne e ambos usufruíram do mesmo período disponível: dois mandatos, ou seja, oito anos. Soube articular, negociar, falar, sem dominar o idioma mundial vigente, com autoridades de todos os cantos e ideologias. Ele próprio cita Nélson Rodrigues e nosso “complexo de viralatas”. Devemos lembrar que nenhum dos notáveis mencionados no título vieram dos 11 presidentes forjados no célebre Largo São Francisco, onde o ilustre Jânio estudo e lecionou.

Paradigmas e dogmas foram revistos: inclusão, segurança alimentar, geração de empregos, G-20, mobilidade social. E elegeu a sua sucessora. Em minha casa brinco que minha filha mais nova é a princesa Isabel, a redentora da escravidão, aquela que coroou a padroeira do Brasil e presenteou o manto azul, por graça alcançada. A mais velha chamo Dilma, desde a escolha feita pelo chefe do governo. A primeira presidenta eleita democraticamente começou muito bem ao escolher seus ministros que por sua vez escolheram seus secretários. Os municipais podem projetar perspectivas positivas. Pois, afinal em sua trajetória política sempre buscou a liberdade e isonomia. Contudo, sabemos que a alternância no poder é salutar e não deve representar turbulências e retrocessos.
   
Enfim, somos nós coadjuvantes ou protagonistas? Dos chefes da cozinha francesa, filhos de Raimundo, ou da padaria, filhos de Manoel, pouco importa quem irá conduzir se soubermos escolher, fiscalizar e exercer a cidadania participativa plena. Certas ocasiões esmorecemos, diante do compadrio, do apadrinhamento, do protecionismo que não deveria ser a regra e sim o conhecimento, a eficiência e dedicação. Temos de um lado eventos históricos relevantes e do outro um homem. Alguém falou sabiamente em grão de areia em uma praia. Façamos a diferença neste ano que se inicia.
  
Pessoas iminentes ou comuns são conduzidas e confiam o melhor de si aos seus chefes e governantes. Capazes são aqueles que colocam uma nação nos trilhos, sem descarilhar mesmo em guerras e crises. Sun Tzu já dizia que o estrategista habilidoso esta apto a subjugar o inimigo sem luta. Por vezes as melhores soluções residem nas soluções mais simples e econômicas. Mesmo assim optamos por caminhos tortuosos e cheio de espinhos. Nesta metamorfose vemos em países que optaram pela militarização como o México, um retrocesso. Enquanto, em Portugal admitiram que duas corporações realizando o mesmo papel seria um contracenso dividindo esforços e recursos. Optou-se pelo óbvio: deixar cada qual no seu quadrado. Um exemplo que também deveria ser reproduzido em nosso executivo municipal. E não apenas ver a isonomia como perfumaria.

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

ONDE OS SONHOS NASCEM

Uma questão que se apresenta, após a ocupação do morro pelas tropas militares, é a sua manutenção, custos, eficiência, resultados, prós e contras. A decantada inspiração poética e cultural em obras como no longa precursor do cinema novo “Rio 40 graus” de Nélson Pereira dos Santos e peças musicais como “A voz do morro” interpretada por Zé Keti, apesar de não ter a pretensão, reverberam como um legado sem solução.

Em nossa memória, entretanto, são retratos de uma realidade sem tapete vermelho, sem glamour, sem estatuetas.  O ídolo de uma criança tombou e agora ela está órfã. A saudade de um ente querido perdido. Uma casa abandonada, às pressas, devido a ameaças, chacinas, torturas e extermínios. São muitas cenas reais encaminhadas por quilômetros de fibras óticas e links de satélites mundo afora. A metáfora vem à tona, e como uma cereja num bolo  vejo o tiro de fuzil transfixando a camisa branca e o peito de um inocente nesta guerra urbana.

Esperamos que os holofotes, a cobertura sob todos os ângulos,  com a mais alta tecnologia, tanto da imprensa quanto dos militares não seja passageira. Eis que emergem heróis de uma população esquecida. E que a mega-operação  desarme também espíritos envolvendo toda a sociedade. Impérios como o de Alexandre caracterizavam-se na ocupação de territórios pelo respeito às culturas diversas e assim levou tão longe, as diretrizes de Aristóteles.  Faz-se mister mobilizar todos os atores em todos os níveis.  Com ênfase na democracia e legalidade  constitucional como diria o Marechal Henrique Lott, ministro de guerra de JK.
  
Que impere o bem sobre o mal. Nossas eternas antíteses. Que a droga sucumba à repressão. E suas vítimas sejam recuperadas. Para o vício do “crack”  que a primeira  dose seja evitada. Evidente que o passo importante para impedir o  acesso  já foi dado.

Sabemos que está em andamento um “pacotão” de benefícios. São obras como o teleférico, já adotado na Colômbia, devendo-se contemplar além da segurança e transporte, o urbanismo, com vias de acesso dignas, postos de  saúde, ensino profissionalizante,  postos de trabalho. “Arte, diversão, ballet ...”  com liberdade acrescentaria esporte, cinema, rap, capoeira, samba, etc ...

Poderíamos mencionar que a ocupação dos morros cariocas outrora foi uma forma de exclusão, encaminhando todos aqueles que estavam doentes e pobres às encostas.  Serviços básicos eram  benesses restritos à  aristocracia rural e depois urbana. E assim caminhou a humanidade por décadas a fio. E agora colhemos  o que semeamos.

Jamais diria tratar-se de uma política paternalista, seria indiferença ou egoísmo dos mais afortunados. E sim uma intervenção social, tardia, porém essencial, se implementada na forma de um mutirão, espero  que esta palavra não soe muito comunista para alguns reacionários a avanços.   

A inserção dos municípios e seus executores, sua “manu militare” sofre censura e já é tardia. Como seres sociáveis por natureza, devemos interagir preventivamente, realizar o policiamento preventivo. Que não seja requinte de primeiro mundo ao não se cumprir o Estatuto  do Desarmamento impedindo a Guarda do Rio em portar arma de fogo. Ou há extrema confiabilidade na erradicação da violência e do crime imediatamente, ou são adeptos da obsolescência do uso do velho Smith & Wesson ou simples interesses inconfessáveis, quiçá românticos, da época em que se amarrava cachorro com morcela. Porém se houve uma consulta popular, é categórica a vontade expressa e esperamos que estejam no rumo correto, e não seja mais um devaneio da classe média ou lamentável lobby conspiratório.

Salientando haver um custo muito alto, conforme dados já conjeturados na mídia. Por que não se cogitar o emprego a médio e longo prazo da Guarda Municipal. Assim dividiríamos as competências ensejando resultados em que os índices de  eficiência, efetividade,  continuidade nestes parâmetros temporais seriam mais profícuos. Obviamente se ausentes paixões impregnadas de vaidades e vontades unilaterais.
  
Afinal, questiono o que é mais dispendioso, o deslocamento de grandes efetivos distantes e que não conhecem a área em tela, ou a distribuição em pequenos núcleos de contingentes que muitas vezes fixam suas moradias nestas localidades. Vemos exemplos nos EUA e suas polícias locais. Em muitas cidades da Itália constatamos um retorno à valorização dos costumes e instituições locais. Implícita está a preponderância do aspecto econômico e o uso do dinheiro público racional.
  
O que ocorre é uma evidente  manipulação do tema segurança. Voltando-se a soluções e intervenções de efeito e resultados rápidos. Polarizando-se e dogmatizando-se o conhecimento, a consultoria, o comando. Nesta linha  valorizado o emprego de grandes estruturas, que sem o critério de respeito ao cidadão, vê sua inserção efetiva na comunidade comprometida. Elegemos muitas vezes o corporativismo como um mal necessário, ceifamos soluções viáveis mas que ferem interesses, expressos distorcidamente e sem embasamento, estes evocam o distanciamento ao invés da aproximação e compartilhamento de idéias e modelos. Tendência que não prosperará mais adiante em nossa história recente muito mais afeita as dissensões, e hegemonias  do que ao consenso e igualdade.

Sem a adoção, desde a formação dos aplicadores da lei em suas instituições, de conceitos  incutindo-lhes a encararem o outro não como um adversário e inimigo e sim como um parceiro estarão fadadas as divergências e ao insucesso no futuro. Teremos talvez o efeito do eterno retorno.

Sabemos que missão de paz é diferente de uma invasão, refiro-me ao Haiti, porém mesmo na pacificação há confrontos, baixas, e efeitos psicológicos irreversíveis. Quanto as  falácias paliativas divulgadas reiteradamente pela imprensa, elas apenas têm o condão de amenizar e não superar o problema. É interessante, mas não propícia emprego e comida na mesa. Discursos impregnados de emotividade, mas destituídos de senso crítico.

Seja o morador, o agente da comunidade, o comerciante, o profissional da educação, da saúde, o agente de trânsito, todos os profissionais da segurança pública devem estar compenetrados e articulados.
  
Portanto, os sonhos nascem no lugar em  que você nasce ou que escolheu para ser seu lar ou de sua família, com segurança e dignidade e onde o Estado deveria  estar presente em todos os  níveis e em tempo integral. Creio que não resolverá tirar somente o morador da exclusão e sim tirar a exclusão de dentro do morador e de cada um de nós.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 05 de dezembro de 2010.

SOMOS HERÓIS: GUARDIÕES DE SAMPA

Explicando as minhas filhas sobre minha recente ida ao Instituto de Criminalística Butantã para submeter a exame de constatação possível canabis sativa ou a “maconha”. Após aguardar quatro longas horas o resultado positivo, ao retornar fomos brindados por algumas estações de metrô prestes a serem inauguradas , como a estação Faria Lima, Paulista, Mack-Higienópolis. Passei a pensar como é maravilhoso morar em Sampa com todo este glamour, acessibilidade, modernidade, caldo cultural, enfim proximidade entre ricos e economicamente destituídos, ou simplesmente pobres.

Sabemos que não é bem assim. Nós, moradores da periferia, somos vítimas constantes de engôdos. Tratava-se de obra no transporte público, na gestão do Governador Mário Covas. A região de Itaquera, Guaianazes seriam beneficiadas pelo metrô. Ou seja, falo sobre a farsa de termos estações de metrô ao passo que inauguraram estações da CPTM. Mais uma expectativa frustrada e promessa não cumprida.

Espere caro leitor não sou, petista, psdebista, , ou comunista, talvez um pouco de niilismo, mas apenas um observador assim como muitos. Nas aulas de geografia aprendemos sobre Greenwich, em Londres, referencial ocidental sobre meridianos, paralelos, latitudes e que nossas rodovias estaduais são numeradas pela distância em graus do marco zero situado na praça da Sé, isto soube em recente curso de CNH – moto propiciado pelo SENASP. E agora vejo imagens de um confronto entre policiais e a população manifestando-se contra a desídia e a corrupção que envolve a coleta de lixo, quem diria de uma cidade no Sul da Itália, próximo a Napolis. Os incipientes conhecimentos associavam esta região a mais desafortunada do “país da bota” e a máfia, retrada na obra americana de Mário Puzo, “The Godfather” O Poderoso Chefão.

Senhores, sem pretensão alguma, mas ouvindo ao fundo o programa Caldeirão do Huck ,este concedeu-me algum estímulo para escrever e sobretudo a ler mais. Pois o que ouço é atroz, minha filha diria ”sinistro”: “Like a Virgin” em alusão a pioneira viagem espacial da cadela russa e música da popstar Madona. Já, “neguinha da lavanderia” refere-se com carinho a uma cachorrinha preta, fico a pensar no por quê da lavanderia. Sem despeito, e sim respeito à vida inteligente na mídia, Nesta linha criativa buscarei dar minha contribuição ao menos para os produtores de telenovelas.

Estive refletindo esta semana sobre o advento do Estatuto da Igualdade Racial e as repercussões do projeto elaborado pelo Senador gaucho Paulo Paim. Ao invés do folhetim Passione seria a hora de termos a Ratione (termo jurídico, que significa em razão de) seria um falso cognato e pela primeira vez atores negros como protoganistas: nossos atletas jogadores de futebol e os pagodeiros de sucesso. Pois, esta é ainda nossa elite afrodescendente brasileira. Em nome da equidade, do acesso, das ações afirmativas poderíamos mostrar outras áreas profissionais tais como: empresários, âncoras de jornais, médicos, magistradas e outras categorias influentes na sociedade, porém estaríamos muito distante de nossa realidade social. Conheço apenas uma Juíza de Direito e dois médicos negros.

Não creio que a cidadania paulistana esteja agonizando devido a presença de coronéis na Prefeitura de São Paulo, porém é um contundente golpe, sem trocadilhos, a diversidade de opiniões, conhecimentos, técnicas, e probidade administrativa. Falo com relação a atividade delegada. Enfim, com a mera aparência de legalidade há evidente violação ao art. 37, inciso XVI da Carta Cidadã que preceitua “é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários... a) a de dois cargos de professor ; b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico; c)a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissão regulamentadas;”.

Temos no Direito Administrativo a modalidade desvio de poder ou desvio de finalidade. A finalidade é o interesse público, como ensina a Dra. Maria Silvia Zanella Di Pietro porém ao mascarar a real intenção estará configurado o desvio. Tornando-se muito mais dispendioso para o Município os gastos da atividade delegada pois preceitua-se o investimento na Instituição regularmente constituída para tal ato. Penso que no interior de São Paulo estão além desta ação nefasta e anacrônica estar sendo perpetrada, também observamos a substituição dos serviços públicos por particulares.

Enfim, temos como nossos guardiões constitucionais, os ministros do Supremo Tribunal Federal que aguardamos ansiosos poderão se manifestar desde que provocados sobre este imbróglio em que tornou-se a atividade delegada: um verdadeiro elefante branco.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 03 de novembro de 2010.

SÃO PAULO, CORINTHIANS, MY BROTHER, COHABs E A COPA

Para se desencadear o processo da escrita requer causas bem simples: momentos de excitação, insônia, além de muitos assuntos que se misturam. Poderia devanear-se sobre a beleza e sofreguidão dos escritos de Garcia Marquez, ou José Saramago, porém atemo-nos a uma foto em preto e branco da infância no bairro Pq. Edu Chaves. Lá estavam este escriba, o irmão, o pai e uma garrafa de coca, à mesa, festejando a chegada do Sul e o natal de 1981.
Ambos vestiam camisa de um time de futebol que dentro de alguns anos, seria hegemônico, ou seja, menciono obviamente o São Paulo. Soube-se que seguramente aqueles guris foram influenciadas pelo genitor. Lamento informar, o mais jovem, cerca de cinco anos, estava a poucos passos de abandonar as fileiras tricolores. Conta-se que o mercenário aceitou dez reais oferecidos por uma tia também alvinegra, ato perdoável tratando-se de uma criança que dezenove anos depois ficaria também no coração e memória das filhas e da família. Quanto a tia será descontado pois levou-me ao show anual do rei Roberto Carlos no Ginásio do Ibirapuera e presenteou-me com o primeiro LP Grease - nos Tempos da Brilhantina.

Outra recordação que assoma à vista cansada é a chegada no bairro de Itaquera, Conjunto José Bonifácio. Situado em extremo oposto na cidade a outro conjunto habitacional, o de Carapicuiba, este objeto de incansável alusão de candidato a cobiçada função de Senador.

Foram considerados por muito tempo pejorativamente de bairros dormitórios, as COHABs. Antes, sem deixar de fazer um tour por Artur Alvim, onde temos a Cohab I, a pioneira. Depois, apenas para o ilustre leitor não confundir as bolas temos a Cohab II, e assim a seguem-se as demais, Juscelino, Prestes Maia, Inácio Monteiro, sem deixar de fora Cidade Tiradentes, Castro Alves, Barro Branco, Santa Etelvina, perdoem-me o lapso, por assim dizer estamos em linha reta, apenas com algumas curvas. Parafraseando Fernando Pessoa temos um grande poema em linha reta visual.

Parte desta região hoje é atravessada por uma grande avenida a Jacu Pêssego interligando São Mateus, passa por Itaquera, V.Jacui, São Miguel e vai até Guarulhos. Outrora, existia apenas neste lugar um caminho onde devido ao mato, não se via a brasília ou o fusca que vinham em sentido contrário, em suma, só passava um carro por vez. Hoje, bem em frente a este ponto, estuda-se a construção de uma universidade federal.

Entretanto, sabemos que tais prédios e algumas casas são característicos de uma política populista visando uma solução imediatista para a expansão populacional e a conseqüente demanda habitacional. Ademais, sem planejamento, urbanismo, transportes e demais serviços públicos como educação, segurança, cultura, lazer e sobretudo neste pacote a qualidade dos serviços e da própria vida, estarão fadados a trazer mais problemas que soluções.

Enfim, em poucos anos a juventude tornou-se breve, sem muitas opções grassaram os bailinhos, as discoteques improvisadas em edifícios, geralmente nos andares térreos. Se parasse por ai seríamos felizes e fomos apesar das brigas que circunscreviam-se a princípio na delimitação das ruas, uma rua contra a outra. Com o advento, ou o incremento nefasto da arma de fogo como instrumento “mediador” das constrovérsias revelava que o crime infiltrara-se. Proporcionalmente, e é oportuna a estatística, a cada dez colegas seis foram assassinados, dois estão presos, um está internado e o último felizmente vivo e/ou com um emprego.

Sei, caro leitor que isto não é privilégio de nossa capital e sim dos grandes centros. A variação é que aqui escolheu-se o concreto vertical enquanto na Cidade de Deus, por exemplo, o horizontal.

Foi nesta região, mais especificamente em Guaianazes, em inauguração de obra que vi com o meu sogro mineiro, morador da Bahia, pela primeira vez o mito, nosso Presidente Lula, ao vivo e em cores, durante o primeiro mandato. Deveras, estávamos a alguns quilômetros do palanque. E que espero ver, outro mito, quer queiram ou não é um fenômeno: o jogador Ronaldo. Os campeões espanhóis não se acanharam ao homenajear Ronaldinho Gaúcho ídolo do Barçelona.

Bem como, vejo minhas filhas crescerem, minha mãe sem terapia superar o trauma de ver a vida de um filho ceifada violentamente. E hoje busco manter-me neste bairro que aprendemos a abraçar antes de partirmos ou nos lamentar-mos por não tê-lo feito.

É penoso, dilacerante, passar uma noite vendo o corpo de um familiar seu estirado no asfalto, defronte de mais um prédio, esperando o carro do IML, os curiosos que nada auxiliam, e repito, o pranto e a dor sobretudo dos pais que vêem seu filho precocemente e inexoravelmente perdido para sempre, mais uma vítima dessa violência urbana. Muito comum em centenas de famílias Brasil afora. Por que não pensarmos em tudo isso antes. A infraestrutura vem depois. Primeiro o paliativo, depois quem sabe, o conforto e a traquilidade. Nossos políticos seriam “paternalistas” demais se agissem diversamente.

Portanto, dessa forma ele não pode ver a construção anunciada do estádio de seu grande e controverso time, e como membro da torcida gaviã, se me permitem os tricolores sauda´-lo. Numa fantasiosa, porém ecumênica celebração de quem foi uma grande figura. Perderem-se as ilusões mas as esperanças elas permanecem e revigoram-se. Cantaram: “mudaram-se as estações, nada mudou... é certo que alguma coisa está para acontecer ...”

Publicado no Blog "Os Municipais" em 28 de agosto de 2010.

Redenção

Um sujeito ao matar outro o crime tipifica-se em homicídio, art. 121 do Código Penal, há ainda as agravantes, as atenuantes, qualificadoras e excludentes. Tema recorrente na doutrina e no cotidiano. Devemos estar preparados para o momento: defender a vida de outrem. Há lemas e casos que reforçam este espírito de dedicação.

"Despojado de sua família, seus amores se foram, seu destino a um fio, seu futuro. Restara sua honra, princípios e valores. Houve quem o considerou um incapaz, um idiota armado, um desqualificado, subestimando o profissional. O ébrio nas horas de folga. Envergonhou-se diante das filhas. A mulher já o apresentou assim: '_ Ele não prende bandidos, não é policial' ruborizou, amarelou, engoliu a seco. Talvez teimoso, obstinado diriam. Um familiar confundiu sua instituição com uma marca americana de montadora de carros, desculpou-a. Pobre coitada." de desconhecido autor, talvez influenciado pelo espírito noir do romancista Dashiell Hammett.

Da ficção a realidade, concordamos que na ânsia em ajudar o próximo, arriscamo-nos. Prender o homicida é um evento raro. Sem ostentação, em muitas outras incorremos em riscos. Felizmente muitos acertos, porém algumas vezes tristemente faltaremos.

Certa ocasião, num beco, uma vítima de roubo, tratava-se de um investigador, soube-se depois que era detetive particular. Após troca de tiros, no revide atingimos quem delinqüiu. Quem está surpreso alegando que o fato é incomum esta certo, pois não querem que seja comum. Assim, viola-se o princípio de segurança ao cidadão, responsabilidade de todos. Ademais, estará sempre na iminência e na memória do autor do delito. E o flagrante conceitua-se assim: "PEGA LADRÃO", "AQUELE SUJEITO ACABOU DE ATIRAR NESTE FULANO" ... está crepitando, latente, acabou de acontecer como recorda Tourinho Filho.

Ao longo dos anos forma-se a consciência de que a satisfação, quando há, será breve. Logo após, a vida continua e novos desafios se sucedem. É a profissão escolhida. Ossos do ofício. Mas que ofício detratores e céticos questionarão. Temos crenças, rituais, jargões, gritos de guerra, nomes, personificações, humores, amores e ideais, sim. É necessário ser coerente e cauteloso não compactuando qualquer conduta ilícita e irregular. Não desejamos jamais prejudicar e sim orientar e agir quando necessário. Aplicadores da lei imparciais e dotados de controle emocional. Capazes de sermos firmes sem perder a decantada ternura. Devemos ter orgulho que nosso caráter social, no período pós-ditadura, irreal, hoje é fato e serve de referência.

Querem saber mesmo o que sentimos, não existe meio policial, ou é ou não é, e simplesmente respiramos este ambiente. Nossas utopias transparecem aos liderados, ou melhor, nossos companheiros, parceiros e ao povo. Haverá decepção quando expectativas se frustrarem. Quando não se vislumbrar melhorias, ou nos subjugarem, por tudo que já passamos. Na dicotomia de vitórias e derrotas, somos otimistas e reputo que aquelas são mais freqüentes. Deveras às vezes somos quixotescos, abraçando moinhos de vento. Sem recursos, sem efetivo, mas com muita vontade em colaborar.

Quanto a fórmula de desmonte ela é simples: tire a perspectiva deste profissional em ascender, digo, subtraia seus sonhos. Deixe de valorizá-lo, transforme falácias em verdades sempre que puder, repita que sua função exercida com dedicação, apesar das adversidades é irrelevante. E por último forneça ferramentas melhores, mais caras e em grandes quantidades, e o dobro do seu salário a outrem para realizar a mesma tarefa que você outrora fazia com esmero a despeito das limitações, a virtude está no equilíbrio in médio virtus já falava Aristóteles.

Além de aliená-lo como, na alegoria da caverna de Platão, estará traindo todo o cidadão que acreditava que os impostos arrecadados implicam num mandato. Em ouvir sua voz cidadã conferida a alguém que de fato e de direito representasse seus interesses. Em alusão temos a gênese do princípio da legalidade no taxation without representation, recomendaria observarem este aspecto na classe política, se não a encontrarem lá vejam a película Robin Hood.

Com mais de 6 (seis) mil votos diretos somente na capital. Reitero a idéia de que devêssemos escolher um candidato único e cada eleitor compromissar-se em gerar os votos necessários para sua eleição, tarefa que poderia ser catalisada pelas forças sindicais e associativas em conjunto. Tarefa difícil, mas necessária e imediata diante dos desdobramentos atuais.

Sabemos que podemos semear a esperança também em novos profissionais, sermos transparentes e firmes sem perdermos a vocação. Nossa identidade intrinsecamente está associada aos anseios de cidadania e democracia. Esta característica é nossa maior virtude e será nosso trunfo rumo à sensibilização de nossa nobre missão social e valorização.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 17 de julho de 2010.

VENDEDOR DE SONHOS

Há fatos que por serem misteriosos tornam-se fascinantes, assim é o cérebro humano. Nosso encéfalo comporta e processa muitas informações, sua estrutura, seus neurônios e escaninhos são os precursores dos modernos hardwares e softwares da informática.

Assim ainda temos um vasto campo neurológico a ser desvendado. Em nossas memórias residem experiências, emoções e acontecimentos depositados como um arquivo. São músicas, paixões, idéias, opiniões, e sonhos.

É inegável a sensação de que muitas das convicções e valores foram construídos na juventude. E com este espírito, de idealismo, certo ar de descompromisso, mas muitas rebeldia, podemos discorrer ao ilustre paulistano o porquê de termos a pretensão de compararmos alguns governos e sua política voltada à segurança urbana.

De imediato, desde a criação das jovens corporações municipais, há uma enorme demanda por serviços que muitas vezes apesar de extrapolar suas atribuições constitucionais são satisfatoriamente atendidos, desde que se tenha recurso humano motivado. E a incidência deste atendimento ocorrer e mais comum do que se imagina.

A despeito de existirem políticas voltadas à segurança local difundidas com muito alarde, porém o que temos é a pouca efetividade. Bem como a aprovação no âmbito legislativo de normas que não só atrofiam o crescimento da corporação, elevada recentemente ao status de essencial, mas que na prática sofre apenas o repúdio das autoridades.

A lembrança é muito importante, sobretudo em quem votamos, ou seja aquele que escolhemos para nos representar, o(s) mandatário(s), o nosso eleito, estribado em propostas e compromissos assumidos junto a sua base eleitoral. O pressuposto e que a base deva ser honrada, atendida, incentivada e ampliada. Não somente em quantidade, mas também na qualidade de seus eleitores, que apontaram as demandas a serem solucionadas.

No momento do sufrágio houve a opção por um nome de menor rejeição, oriundo de nosso meio, um guarda. O critério adotado foi simples e prosperou . No entanto apesar de ser o mais votado entre os candidatos do quadro, não atingiu o coeficiente eleitoral, e em suma não foi eleito.

Muito se disse nos pleitos e gestões anteriores, como o nosso infortúnio e mesmo a proximidade da extinção. Não creio que esta hipótese ou teoria vingue, pois ainda dispomos de muita lenha, e resistimos bravamente. Nosso mister sempre possuiu características intrínsecas, essenciais. Trata-se do caráter pro societa, ou seja, a proximidade com a comunidade. Por vezes alvo de tentativas de distorções. Cabe mencionar não só o lema: aliada, protetora e amiga.

O que vemos inclusive em esquadrões especiais, como a Guarda Ambiental, é o espírito de mediação e pacificação. Reputo que as Guardas Civis se não forem as instituições mais antigas, porém devam ser aquelas que melhor retratam o ideal de cidadania.

E em alguns momentos achamos estar perto do fim. Entretanto, o que houve foram pequenos avanços. Quando não eram tímidas melhorias salariais foram recursos técnicos. Ambos ao mesmo tempo era ser muito utópico.

Sabemos que o mandatário não é um ser onisciente quanto as necessidades e prioridades do munícipe. O gargalo foi localizado, pois a política de segurança local não é prioritária.

Trata-se de uma competência que vem sendo interpretada como exclusiva. A destarte, a Constituição Cidadã não trata dessa forma permitindo uma exegese ampliativa, frisando-se como uma responsabilidade de todos e “um dever do Estado”, certamente entendido lato sensu.

Nas próximas eleições será conveniente ponderarmos sobre nossos objetivos, a difundida valorização profissional, e evitarmos o voto em candidatos aventureiros que brincam não somente com sonhos, mas com vidas. Lembrem-se a cada ano são poucos os políticos que se reelegem, não podemos ficar à mercê de oportunistas que aviltam nossa dignidade.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 23 de abril 2010.

VARIAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA

Caros amigos, ao escrevermos nos expomos, para leitores anônimos ou não. A interação e receptividade são produtivas, pois apesar de algumas considerações serem negativas, continuam interessantes e também revelam nosso público carente por ações imediatas, talvez. É a natureza humana. Também somos instados a discorrer para aliviar o peso de nossos compromissos, as atribulações diárias , manifestar e compartilhar nossas convicções e ideais.

É uma forma de difundirmos informações, cultura e opiniões. Remonta a Idade Média a reprodução oral de histórias, contos e cantos. Consolida-se com o invento de Guttemberg: a máquina de tipos; e hoje temos a Internet. Acrescente-se a isso o fato do ser humano ser na essência uma criatura sociável, de fino ou de rústico trato. Muitas vezes devemos ter o cuidado ao afirmar algo como dizia o poeta Irlandes W.B. Yeats "pise suavemente, porque você está pisando nos meus sonhos".

Assim como este espaço destina-se a comentários sobre notícias que repercutem em nossas vidas profissionais e pessoais no tocante a políticas públicas com cautela reproduziremos mais idéias acerca do tema proposto. Parece-me oportuno analisar um fenômeno presente no primeiro dia de aula. Ocorreu quando uma acadêmica, isto é, uma estudante universitária, disse, inocentemente que a Igreja interferia na elaboração das normas. Por detrás desta observação está o cerne deste texto.

Não preciso dizer que a aluna foi repudiada pelo professor, execrada diante de uma platéia heterogênea e incipiente. O mestre, com estudos realizados em Parma, na Itália, ratificou o equívoco. Com veemência disse só ser possível na Idade Média, em que o clero detinha os manuscritos científicos e de nosso Estado ser laico, etç... O lente apenas esqueceu-se de mencionar aspectos como a cultura e formação social.

O historiador Sérgio Buarque de Holanda aborda e sintetiza nossa formação cultural marcadamente em obras como Raízes do Brasil e Visão do Paraíso. Na primeira mostra comparativamente a façanha da colonização aqui e na América em geral, características no modo de explorar a lavoura, técnicas, arquiteturas. Enquanto a segunda narrativa explica a visão do Éden presente, e os mitos criados e difundidos em culturas opostas e ao mesmo tempo tão próximas.

Esse preâmbulo alude à Igreja e sua influência em nossa cultura, com ênfase na formação de opinião. Refiro-me sem distinção, de modo ecumênico, analisando a influência na política e a ascensão de parlamentares voltados e eleitos nitidamente pelo seu público atrelado à visibilidade alcançada, friso o respeito sacramentado nas urnas, afinal nós os elegemos. Nesta semana estará sendo gravado o primeiro programa do ano do jornalista e escritor Jô Soares e o convidado é o Jurista Ives Gandra Martins, o advogado da CNBB na questão células-tronco será oportuno o tema.

Outra questão premente, é o fenômeno da militarização da política. O Estado bélico. Dizem que o Poder Judiciário sofre com a politização. Enquanto isso presenciamos, na Administração Pública, militares saindo do quartel e assumindo postos estratégicos, talvez fossem mais apropriados à gestores de políticas públicas. Enfim tratam-se de questões alardeadas pela Imprensa. Parafraseando aquela frase de domínio público: “lugar de militar não seria no quartel, promovendo a defesa da soberania nacional”?

Como num jogo de xadrez nós assistimos passivos ou não ao movimento das peças no tabuleiro. Lances arquitetados com maestria, estratagemas articuladas, planejamento e perspicácia. Com ares de legalidade e talvez ausente a fumaça do bom direito.

No filme “Operação Walkiria” é mostrado além da obra de Wagner, a legitimação das atrocidades perpetradas e a tentativa legitima do 15º e último golpe contra o nazismo premeditado interna corporis. Temos a lei servindo a interesses escusos e o bem comum sendo vilipendiado naquele regime de exceção.

Precisamos, citando a peça, de "novas diretrizes em tempos de paz". Afinal estamos no Estado Democrático de Direito.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 13 de março de 2010.

... E VOZES ECOAM

Ao ser interpelado por amigos de uma tradicional Faculdade paulistana da Rua Maria Antonia. Indagaram quando irei retornar e o que tenho feito. Passei a discorrer sobre a promoção, o curso iniciado, interrompido e novamente retomado e se tudo correr bem no próximo semestre retornarei...

Evoco na lembrança a última aula cujo tema foi Direitos Humanos ministrado por pessoa próxima ao ministro da pasta.

Palavras e opiniões reservadas obviamente não podem ser repercutidas. Porém, podemos extrair algumas conclusões daquela palestra que foram nem um pouco digamos alvissareiras.

Percebi em colegas que após alguns meses de trabalho na função pouco restou do glamour quase pueril que respirávamos nos primeiros dias. Nosso semblante já demonstra os sinais dos tempos, da experiência e responsabilidade intrínseca neste novo mister.

O que fazer no status de líder a fim de manter acesa e renovadas as aspirações, motivados de nosso valor, bem como a qualidade de vida que devemos usufruir para que isto reproduza-se até o cidadão? Incutir o exemplo pessoal talvez, nossa vitória apesar dos percalços, ou cruzar os braços será mais cômodo e covarde?

Alguns incautos podem afirmar que basta o salário no fim do mês e dá-se como finda a fatura. Os psicólogos, alguns presentes em nossas fileiras, falam o contrário. A redução do stress, a valorização, sentir-se útil, preparado são questões relevantes e que devem ser discutidas e encaminhadas preventivamente evitando-se assim dissabores futuros.

Entretanto, perspectivas sombrias ressoaram. Numa verdadeira teoria da conspiração visando o desmonte da corporação menor já em andamento, sob o aval do maestro regente. Dizem ter lavado as mãos, ou melhor a batuta na ânsia de obter apoio eleitoral maior. Estratégia de marketing eficiente, pois será carreado maior número de votos, apesar dos riscos em se declarar inconstitucional e ilegal tais manobras.
Uma política pública ao lado da instituição que atrairia nas urnas apenas um terço dos votos comprometeria os objetivos do sufrágio. Por que aproximar-se da mais vulnerável se disponho em mãos de recursos para agradar a mais gloriosa e pujante. Mefisto, personagem da obra Fausto de Goethe, também teve este dilema que lhe custou caro: a consciência tranqüila em agir de acordo com a coerência ou atingir o apogeu e a proteção do Führer. Buscou o aplauso atingindo o sucesso nos padrões “críticos” do Terceiro Reich. Sacrificou suas convicções e o seu coração.

Vemos rumores de equilíbrio no texto divulgado no site da
AbraguardasOs militares estaduais e o seu papel político no futuro da nação” quanto a observação do capitão em frisar o que é notório, isto é, o respeito as competências de cada corporação. Pois, ao admitir seu gigantismo, envereda por um caminho do consenso, da união e do respeito. As divergências não devem ser acentuadas e sim prestigiar-mos todos.

Um amigo citou uma parábola, a do cobertor, se ele é curto não adianta puxá-lo que ainda estará descoberto. Deve-se ampliá-lo, costurando-o, ou comprar outro. O cobertor menor ficou com a corporação de menor potencial político-eleitoral. É a doutrina do utilitarismo, em que um dos enfoques é a contabilização dos custos, do filósofo e economista John Stuart Mill, colocada em prática.

Esperamos que esta posição sensata reverbere na alta cúpula paulista. Medidas como a atividade delegada não permitem que o cidadão ganhe a não ser ouvir continuamente que as Guardas são inócuas, a despeito dos resultados e números mostrarem o contrário. Sabemos do esforço diuturno em conter o “avanço” destas corporações adotando-se medidas nefastas como a da atividade que melhor seria denominarem-na como “atividade orquestrada”. E todos sabemos o fim deste concerto.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 27 de fevereiro de 2010.

BRASIL, UM PAÍS DE TODOS

Ao aproximar-se do Irã e oferecendo-se como mediador internacional, nosso país avoca sua tradicional posição diplomática, entretanto surpreende e quem diria, deixa os EUA em uma situação constrangedora. Estes, ávidos por polarizarem posições vêem como um insulto e anunciam represálias econômicas.

O etanol, que estava indo bem nos estudos e pesquisas divulgados, através de lobby bem articulado por lá, que o aponta como combustível menos poluente, abrindo perspectivas para sua adoção como commodities, ou seja, valorizado como produto internacional teria seu preço fixado em bolsas do mundo todo, agora decai. Esta manobra indica que ao menos nesse momento uma das meninas dos olhos do atual governo, não sofrerá queda na tributação.

Ao passo que a autoridade de Comércio Exterior americano anunciou abertamente que está acima das leis de direito internacional, recusando-se a ceder, e ao contrário ameaça com represálias duras, a despeito dos tribunais reconhecerem o direito do Brasil em compensar com quebra de patentes ou sobretaxas nos produtos americanos, pois favoreceram o setor de algodão, aliado político de Obama, em detrimento dos produtores nacionais.

Estas são as notícias de política e economia internacional dispostas em alguns folhetins nesta semana e como vemos nosso emergente país fustiga o imperialismo americano de forma seguramente premeditada.

No âmbito doméstico temos a política voltada ao ensino superior, o PROUNI, este sistema é muito feliz, pois permite que estudantes de baixa renda e oriundos do ensino público ingressem em universidades. É o princípio da isonomia colocado em prática integralmente, não somente tratar com igualdade, e sim tratar excepcionalmente de modo desigual os que estiverem em situação desigual.

É difícil incutir este conceito até mesmo em jornalistas de renome como o da revista Época desta semana que equivoca-se ao falar de políticas compensatórias no editorial “O exemplo do Coronel Lopes” ao deixar translúcido sua moral burguesa refere-se a um fundamento basilar como sendo um modismo.

Seria pertinente focar neste princípio, pois o que vemos em muitas ocasiões além de interpretações errôneas e a sua violação. Pois, em alusão aos índices de primeiro mundo na redução de crimes detectados na região da rua 25 de março e agora certamente na região do Brás, citados nos textos de Wagner Pereira neste blog. A afronta ao princípio da isonomia incide no momento em que há uma abordagem superficial, digamos.


Vejamos, o efetivo de policiais militares empenhado na região do Brás é cerca de 200 (duzentos) a 240 (duzentos e quarenta) homens, divulgados na imprensa, enquanto o da nossa corajosa GCM, visível a qualquer momento do dia, permanece estagnado em 10% deste. É no mínimo desproporcional, tendencioso e imoral tecer qualquer comentário que contradiga essas informações ou critique a sua atuação caracterizada com cidadã, democrática e moderna, entretanto ineficaz neste caso por mera questão matemática.

Enfim, devemos ser emergentes e audazes também nas políticas públicas de segurança inclusivas que prestigiem todas as corporações e não excluirmos ou tomar como referência apenas as de maior contingente e naturalmente maior visibilidade. Pois o efeito é contrário, os casos isolados nas instituições em crescimento tornam-se regra. Enquanto que condutas semelhantes e de maior freqüência, carentes de maior análise e investigação das causas reais, são consideradas como exceção na maior. Este é o princípio da isonomia atuando de forma plena.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 15 de fevereiro de 2010.

O Concílio dos Antagônicos: valores em discussão

O equilíbrio de Aristóteles, ou a paixão de Nietzche. Preferir tradição a uma ruptura. Observamos nossas preferências e escolhas como frutos de experiências e conceitos formados no decorrer da vida. E é duradouro o dilema entre a razão e o desejo.

A relação do homem com a natureza caracterizou-se como conturbada ao extrair muito sem retribuir quase nada. Esta já dá sinais de colapso.

Uma cultura semeada dessa forma por séculos a fio de colonização resultou em práticas predatórias consideradas comuns e a interação do homem com o planeta tornou-se conflitante.

Cidadãos de fato são os que resistem a negativa tentação em desperdiçar, poluir ou infringir; presente num mero gesto de arremessar o papel ao chão, ou jogar uma lata no asfalto, enquanto dirige, adquirir um produto pirata na rua, sonegar impostos, corromper, etç...

Evoluímos em políticas públicas voltadas à preservação ambiental, lamentavelmente, pouco. Entretanto, ainda que tardia, é louvável a iniciativa, no âmbito municipal, da criação da Guarda Ambiental dando suporte e execução na proteção de áreas verdes, fauna e mananciais existentes.

A consciência de nosso legado cultural e perceptível. As mudanças quando ocorrem são graduais e lentas. Caso emblemático é a transição do regime militar, de exceção, para a democracia, feita de forma segura, controlada, sem sobressaltos. Peço vênia ao ilustre antropólogo, Gilberto Freire, ao adotar o termo “cordial”.

Desta feita, recepcionando os projetos de emendas constitucionais (PEC) o que podemos vislumbrar, se não houver pedra no caminho instransponível, será a aprovação da PEC 32/03, que trata as Guardas Municipais como força de segurança suplementar, mediante convênio com os Estados.

Convenhamos esperava-se maior ousadia, porém que esta condicionante não represente um retrocesso tornando realmente inócua e ineficaz a resposta que os governos devem dar à população consoante ao avanço dos índices de criminalidade apontados nas capitais.

A esperança consiste em prestigiarmos definitivamente, em caráter emergencial, as Guardas Municipais das cidades sedes dos jogos da Copa que executam as mais diversas tarefas entre elas a fiscalização do trânsito, do comércio irregular, escolta de autoridades, segurança de agentes públicos, entre outras e consertar esta saia justa, pois afinal a contribuição destas instituições é inquestionável. Caso mantenha-se a exclusão no projeto permanece evidenciado o lobby orquestrado e bem sucedido contra os anseios e ares de mudança e o convênio, caso a PEC vingue, não sairá do papel.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 07 de fevereiro de 2010.

UMA VIDA TERMINA E OUTRA COMEÇA

Numa época em que poucos podem usufruir do apogeu econômico-social, alguns se dedicam a registrar, observar e analisar muito ou pouco os fatos do cotidiano.

Em tempos atuais dispomos de inúmeros dados, estatísticas e múltiplas informações. Realmente bombardeados por assuntos, idéias e sugestões de temas, objetos de uma abordagem que ousamos tornar inusitados na pretensão de que um ponto de vista, uma crítica possa ressoar ou um detalhe oculto se revele.

Com freqüência pegamos em armas, literalmente, porém em muitas ocasiões estaremos munidos de papel e caneta e a palavra oral ou escrita será nosso maior instrumento de persuasão.

Acompanhamos o triste infortúnio e a crise que assola o Haiti captadas em imagens com recursos e tecnologias avançadas. Remonta a um passado próximo a Guerra no Golfo Pérsico transmitida ao vivo, enquanto mais recentemente o conflito no Iraque esteve presente on line em nossa memória. Cabe assentar que em ambas os EUA reafirmaram sua hegemonia e imperialismo por detrás de justificativas insólitas.

Ao abordar o flagelo da Nação Creole, tanto no Haiti quanto no Jardim Pantanal e no Grajaú denotam-se a ausência de políticas públicas. Lamentamos todas as vidas ceifadas, de crianças a idosos, de nossos militares em missão de paz a agentes de órgãos internacionais. Novamente indagamos se a cooperação, a solidariedade, estes princípios, não permanecem ofuscados pela visibilidade a qualquer custo, o estrionismo e a efemeridade, em que se opera a ajuda e que deva ser ao contrário silenciosa, duradoura e constante.

Vem à tona como nosso governo tem enfrentado as questões de segurança: alimentar, educacional, sanitária, laboral e pública. Com o advento das Olimpíadas e da Copa teremos o aporte de investimentos, sobretudo públicos, e no resumo da Ópera: será o contribuinte que arcará com os custos inevitavelmente.

Até lá, um tema pertinente a ser debatido é a questão da inserção do trabalhador informal na economia formal, pois este logo que consome participa do sistema produtivo. Caberá definir apenas critérios relativos à qualidade do produto e o respeito aos direitos do autor.

Na África do Sul, País Sede da próxima Copa, houve um substancial reforço em todos os sentidos na Segurança do evento em face do atentado sofrido pela delegação do Togo.

É recorrente constatarmos a desvalorização das Guardas Municipais presentes em cerca de 900 cidades e contingente estimado em mais de 70 mil integrantes, bem como as análises que as caracterizam como instituições militarizadas, enquanto são eminentemente civis e não conflitam com o Estado Democrático de Direito. Devemos dignificá-las e corrigi-las, pois trata-se de uma preocupação e dever afeto a todos, isto é, a proteção com ênfase na cidadania.

Devemos salientar que existem padrões de fiscalização e controle idôneos estribados na Implantação de Centros de Formação em Segurança, onde são realizados cursos de aperfeiçoamento e reciclagem (EQPS) necessários à obtenção do porte funcional de arma e ainda

Corregedorias compostas por bacharéis em Direito. Ajustes e inovações são bem-vindos úteis, necessários e saudáveis.

A política de valorização salarial deve estar em sincronia com o contínuo aperfeiçoamento profissional, e existir os freios e contrapesos internos a fim de coibir os abusos e desvios. Sendo respeitados na apuração dos fatos a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal.

Afinal, as reformas que se avizinham e foram anunciadas pelas autoridades são resultados, sobretudo da 1ª Conferência Nacional Sobre Segurança Pública (CONSEG) realizada em novembro de 2009 devem contemplar sem distinções todos os profissionais interessados neste processo, já deflagrado e não somente serem tímidas ou proteladas para um novo governo.

Novos paradigmas estamos vislumbrando afetando as bases e a qualidade nos serviços de segurança prestados à população por meio de políticas públicas que mobilizem todos os setores da sociedade.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 27 de Janeiro de 2010.

Aspectos Subliminares da Segurança Pública na sua relação com a mídia

Relevante a análise sobre o tema Segurança Pública tão polêmico e de cicatrizes tão profundas que ora remete e interage com muitas áreas do conhecimento.

O que tivemos também foi uma aproximação tendenciosa com a mídia sensacionalista, pois a Segurança Pública não amadureceu em termos de recursos, na mesma proporção. Enquanto há Países em que se estudam teorias e perspectivas científicas sobre o tema, além do aspecto cultural de proteção ao cidadão mais latente, do combate à corrupção intenso, podemos também identificar uma idealização positiva do agente de segurança pública repercutindo em conceitos elevados e em investimentos. Enfatizam a participação da comunidade local seja qual farda ou competência tiver este terá seu espaço, status e em consequência o respeito necessário e não apenas o medo.

O resultado deste descompasso é a estigmatização de corporações mais jovens, com abordagens superficiais dos formadores de opinião. Como inexiste a representação de seus interesses, via reflexa os interesse dos cidadãos, temos também o surgimento dos especialistas que perseguem seus modelos, paradigmas e diretrizes que vêem apenas as instituições municipais como concorrentes, alvo de investidas a fim de que sucumbam.

Portanto, servem como referência somente os casos isolados, de um lado deixam a sensação equivocada de infalibilidade da corporação maior enquanto que do outro generalizam como instituição sem preparo a mais vulnerável. Esta postura além de ultrapassada não coaduna com o conceito de cidadania e aproximação com a comunidade pressuposto e fim precípuo de qualquer Instituição.

O certo é que todos devemos contribuir, a responsabilidade cabe desde aos gestores de segurança, passando pelo seu vizinho, os pais, os educadores, a Imprensa, as autoridades em todas as esferas e a criação de órgãos autônomos que possam não só controlar, como sugerir, intervir e servir de elo entre os organismos de segurança pública e a sociedade civil, proporcionando uma nova ótica a este tema tão fechado e restrito.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 10 de Janeiro de 2010.