Um sujeito ao matar outro o crime tipifica-se em homicídio, art. 121 do Código Penal, há ainda as agravantes, as atenuantes, qualificadoras e excludentes. Tema recorrente na doutrina e no cotidiano. Devemos estar preparados para o momento: defender a vida de outrem. Há lemas e casos que reforçam este espírito de dedicação.
"Despojado de sua família, seus amores se foram, seu destino a um fio, seu futuro. Restara sua honra, princípios e valores. Houve quem o considerou um incapaz, um idiota armado, um desqualificado, subestimando o profissional. O ébrio nas horas de folga. Envergonhou-se diante das filhas. A mulher já o apresentou assim: '_ Ele não prende bandidos, não é policial' ruborizou, amarelou, engoliu a seco. Talvez teimoso, obstinado diriam. Um familiar confundiu sua instituição com uma marca americana de montadora de carros, desculpou-a. Pobre coitada." de desconhecido autor, talvez influenciado pelo espírito noir do romancista Dashiell Hammett.
Da ficção a realidade, concordamos que na ânsia em ajudar o próximo, arriscamo-nos. Prender o homicida é um evento raro. Sem ostentação, em muitas outras incorremos em riscos. Felizmente muitos acertos, porém algumas vezes tristemente faltaremos.
Certa ocasião, num beco, uma vítima de roubo, tratava-se de um investigador, soube-se depois que era detetive particular. Após troca de tiros, no revide atingimos quem delinqüiu. Quem está surpreso alegando que o fato é incomum esta certo, pois não querem que seja comum. Assim, viola-se o princípio de segurança ao cidadão, responsabilidade de todos. Ademais, estará sempre na iminência e na memória do autor do delito. E o flagrante conceitua-se assim: "PEGA LADRÃO", "AQUELE SUJEITO ACABOU DE ATIRAR NESTE FULANO" ... está crepitando, latente, acabou de acontecer como recorda Tourinho Filho.
Ao longo dos anos forma-se a consciência de que a satisfação, quando há, será breve. Logo após, a vida continua e novos desafios se sucedem. É a profissão escolhida. Ossos do ofício. Mas que ofício detratores e céticos questionarão. Temos crenças, rituais, jargões, gritos de guerra, nomes, personificações, humores, amores e ideais, sim. É necessário ser coerente e cauteloso não compactuando qualquer conduta ilícita e irregular. Não desejamos jamais prejudicar e sim orientar e agir quando necessário. Aplicadores da lei imparciais e dotados de controle emocional. Capazes de sermos firmes sem perder a decantada ternura. Devemos ter orgulho que nosso caráter social, no período pós-ditadura, irreal, hoje é fato e serve de referência.
Querem saber mesmo o que sentimos, não existe meio policial, ou é ou não é, e simplesmente respiramos este ambiente. Nossas utopias transparecem aos liderados, ou melhor, nossos companheiros, parceiros e ao povo. Haverá decepção quando expectativas se frustrarem. Quando não se vislumbrar melhorias, ou nos subjugarem, por tudo que já passamos. Na dicotomia de vitórias e derrotas, somos otimistas e reputo que aquelas são mais freqüentes. Deveras às vezes somos quixotescos, abraçando moinhos de vento. Sem recursos, sem efetivo, mas com muita vontade em colaborar.
Quanto a fórmula de desmonte ela é simples: tire a perspectiva deste profissional em ascender, digo, subtraia seus sonhos. Deixe de valorizá-lo, transforme falácias em verdades sempre que puder, repita que sua função exercida com dedicação, apesar das adversidades é irrelevante. E por último forneça ferramentas melhores, mais caras e em grandes quantidades, e o dobro do seu salário a outrem para realizar a mesma tarefa que você outrora fazia com esmero a despeito das limitações, a virtude está no equilíbrio in médio virtus já falava Aristóteles.
Além de aliená-lo como, na alegoria da caverna de Platão, estará traindo todo o cidadão que acreditava que os impostos arrecadados implicam num mandato. Em ouvir sua voz cidadã conferida a alguém que de fato e de direito representasse seus interesses. Em alusão temos a gênese do princípio da legalidade no taxation without representation, recomendaria observarem este aspecto na classe política, se não a encontrarem lá vejam a película Robin Hood.
Com mais de 6 (seis) mil votos diretos somente na capital. Reitero a idéia de que devêssemos escolher um candidato único e cada eleitor compromissar-se em gerar os votos necessários para sua eleição, tarefa que poderia ser catalisada pelas forças sindicais e associativas em conjunto. Tarefa difícil, mas necessária e imediata diante dos desdobramentos atuais.
Sabemos que podemos semear a esperança também em novos profissionais, sermos transparentes e firmes sem perdermos a vocação. Nossa identidade intrinsecamente está associada aos anseios de cidadania e democracia. Esta característica é nossa maior virtude e será nosso trunfo rumo à sensibilização de nossa nobre missão social e valorização.
Publicado no Blog "Os Municipais" em 17 de julho de 2010.