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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Concílio dos Antagônicos: valores em discussão

O equilíbrio de Aristóteles, ou a paixão de Nietzche. Preferir tradição a uma ruptura. Observamos nossas preferências e escolhas como frutos de experiências e conceitos formados no decorrer da vida. E é duradouro o dilema entre a razão e o desejo.

A relação do homem com a natureza caracterizou-se como conturbada ao extrair muito sem retribuir quase nada. Esta já dá sinais de colapso.

Uma cultura semeada dessa forma por séculos a fio de colonização resultou em práticas predatórias consideradas comuns e a interação do homem com o planeta tornou-se conflitante.

Cidadãos de fato são os que resistem a negativa tentação em desperdiçar, poluir ou infringir; presente num mero gesto de arremessar o papel ao chão, ou jogar uma lata no asfalto, enquanto dirige, adquirir um produto pirata na rua, sonegar impostos, corromper, etç...

Evoluímos em políticas públicas voltadas à preservação ambiental, lamentavelmente, pouco. Entretanto, ainda que tardia, é louvável a iniciativa, no âmbito municipal, da criação da Guarda Ambiental dando suporte e execução na proteção de áreas verdes, fauna e mananciais existentes.

A consciência de nosso legado cultural e perceptível. As mudanças quando ocorrem são graduais e lentas. Caso emblemático é a transição do regime militar, de exceção, para a democracia, feita de forma segura, controlada, sem sobressaltos. Peço vênia ao ilustre antropólogo, Gilberto Freire, ao adotar o termo “cordial”.

Desta feita, recepcionando os projetos de emendas constitucionais (PEC) o que podemos vislumbrar, se não houver pedra no caminho instransponível, será a aprovação da PEC 32/03, que trata as Guardas Municipais como força de segurança suplementar, mediante convênio com os Estados.

Convenhamos esperava-se maior ousadia, porém que esta condicionante não represente um retrocesso tornando realmente inócua e ineficaz a resposta que os governos devem dar à população consoante ao avanço dos índices de criminalidade apontados nas capitais.

A esperança consiste em prestigiarmos definitivamente, em caráter emergencial, as Guardas Municipais das cidades sedes dos jogos da Copa que executam as mais diversas tarefas entre elas a fiscalização do trânsito, do comércio irregular, escolta de autoridades, segurança de agentes públicos, entre outras e consertar esta saia justa, pois afinal a contribuição destas instituições é inquestionável. Caso mantenha-se a exclusão no projeto permanece evidenciado o lobby orquestrado e bem sucedido contra os anseios e ares de mudança e o convênio, caso a PEC vingue, não sairá do papel.

Publicado no Blog "Os Municipais" em 07 de fevereiro de 2010.